[PORTUGUÊS]
Após a delação da JBS avançamos na caracterização da crise do governo Temer na Nota do secretariado nacional do MES datada de 18 de maio de 2017. Ali definimos que a nova etapa da Operação lava Jato nocauteou Temer, colocando-o contra as cordas. Avaliamos também que a burguesia tentaria encontrar uma saída antidemocrática para a crise, ressaltando a importância de tomar as ruas e da marcha à Brasília no dia 24.
A partir desta nova conjuntura a queda do presidente Temer é iminente e seu governo está em estado terminal. O decreto colocando as Forças Armadas no patrulhamento de rua em Brasília, revogado em menos de 24 horas, foi mais uma demonstração cabal da desorganização e fraqueza do governo, que não foi capaz sequer de prever e se preparar para a marcha em Brasília.
A operação Lava Jato permitiu este novo salto na crise política do regime da nova república agonizando. O desdobrar da situação pode ser no dia 06 de junho, quando o TSE começa a julgar a chapa Dilma/Temer e pode optar pela cassação de Temer. Mas o quadro ainda não está fechado, ainda que a queda do governo é muito difícil de ser revertida.
Como previmos, há tentativas de acordos sendo feitos entre o PSDB, PT e PMDB, com apoio da Rede Globo de TV, para substituir Temer pela via da eleição indireta e abrir caminho para a retomada das reformas neoliberais. Não é um acordo fácil por varias razões: encontrar um nome que unifique os setores ou no mínimo permita um conforto mínimo entre os atores, mas sobretudo porque boa parte deles são investigados pela Lava Jato, que não está na negociação. Inclusive Nelson Jobim, a saída mais confortável para PMDB, PSDB e PT, é sócio de um banco investigado.
Mas a tentativa de acordo parte de uma constatação: a continuidade de Temer significa a paralisia total das reformas neoliberais e sobretudo incrementará muito as lutas sociais e políticas. Tal incremento pode representar um novo salto no movimento de massas e colocar na pauta das possibilidades reais um novo junho, só que desta vez mais violento. Este setor burguês sabe que pode se abrir uma situação pré-revolucionária no país ou até revolucionária, já que nos tempos acelerados da política atual a transição de um período para outro também o é.
É possível definir que já temos na conjuntura quase todos os elementos de uma situação pré-revolucionária no país: crise econômica, elementos de divisão importante na classe dominante e descontentamento do movimento de massas. Embora seja fato que as amplas massas ainda não estão decididas a lutar e que a divisão da classe dominante é ainda incipiente, estes elementos podem dar o salto de qualidade. Isso é o que o partido da Globo quer evitar.
Entretanto, o núcleo duro de Temer ainda resiste. Além do governo, suas vidas estão em jogo, pois alguns deles podem sair do Palácio do Planalto direto para a cadeia. Por isso disputam uma parte dos que estão tentando negociar o acordão. Em particular tentam deslocar o PSDB e a Gilmar Mendes para seu lado mais firme. Prometem a continuidade das reformas e, sobretudo, o combate decisivo a Lava Jato. Prometem mas sabe-se que dificilmente podem entregar por isso suas promessas soam mais como desespero e não conseguem atrair apoio para a continuidade do governo. A tentativa mais viável de acordo é algum tipo de garantia a Temer, Padilha e Moreira Franco de que não serão presos.
Todos sabem que para Temer continuar terão que enfrentar mais o movimento de massas. Ocorre que neste enfrentamento terão que aumentar muito a repressão. Correm o risco de cair nas mãos da extrema direita. Mas este não seria o maior problema. O problema é que o movimento de massas no Brasil, embora politicamente confuso, não foi derrotado estruturalmente. Ao contrário, vem de um potente junho de 2013.
Ainda que em 2015 e 2016 a direita tenha ganho as ruas e dado o tom, as massas que a seguiram não era todas de direita, sendo boa parte movida pela luta contra a corrupção e em defesa da Lava Jato. E a opção de Temer continuar teria que ser não apenas abertamente de choque frontal com o movimento de massas mas também contra a Lava Jato. Não poderia fazer o discurso da lei e da ordem para reprimir a extrema esquerda e ao mesmo tempo ser o próprio presidente um fora da lei. Poderia reunir contra ele uma parte importante da classe média que até agora não entrou.
E não percamos de vista que as ruas novamente foram resignificadas desde 08 de março, passando pelo 15 de março e depois o 28 de abril, com a forte greve geral. E claro o dia 24, onde o movimento respondeu bem, com as forças trotsquistas, embora minoritárias, dando a dinâmica de um protesto chamado por todos os sindicatos do Brasil.
Por isso Temer está apenas tentando ganhar tempo, não para chegar até 2018, mas para ter uma saída honrosa. Mas isso não é fácil e enquanto não há saída permanece o impasse e a possibilidade de radicalização da situação. A Rede Globo chefia a linha da deposição porque tem consciência disso e sabe que as reformas não sairão e que as indiretas serão cada vez mais questionadas quanto mais tempo Temer se mantenha.
Se prevalecer os interesses gerais da classe dominante, cuja melhor leitura é feita pela Globo, uma solução rápida é o melhor caminho. A opinião das massas de que as eleições diretas devam ser o mecanismo de substituição de Temer, não se traduz, por enquanto, numa vontade de se mobilizar. A falta de opção é decisiva para esta vontade reduzida de uma mobilização de massas. Mas o temor burguês também é que esta vontade ganhe corpo. E nossa aposta é que contra as saídas burguesas dominantes, as próprias eleições diretas se imponham, o que seria uma conquista democrática.
Nossa política é pelo Fora Temer porque sua queda é uma necessidade nacional. Fortalece no povo a ideia de que grandes mudanças podem ocorrer. É também um novo triunfo da operação lava-jato. Defendemos também que o Fora Temer deve significar também o fim das reformas neoliberais. Para tanto defendemos uma nova greve geral. E denunciamos os pactos que querem liquidar a Lava Jato, construir as condições de aplicação das reformas e que substituam Temer por um candidato eleito indiretamente por um congresso corrupto. Exigimos o voto popular. O voto para presidente. E também uma nova eleição para renovação total do congresso. Cremos que tal conquista fortalece o movimento de massas, cuja estratégia deve ser lutar para construir suas próprias instituições capazes de controlar a economia e a política.
É fundamental, portanto, seguir construindo mobilizações unitárias como foi o dia 24 em Brasília e a greve geral, ser a vanguarda da luta, como fomos em Brasília, e ao mesmo tempo disputar a direção destas mobilizações , pois há um claro vazio diante da crise das velhas direções. Momentos de crise como este são o terreno mais fértil para o crescimento de uma organização revolucionária, são momentos em que os grandes saltos políticos acontecem, por isso não podemos desperdiçar a oportunidade.
[CASTELLANO]
MINUTA DEL SECRETARIADO NACIONAL DEL MES 25/05/17
Después de la delación de la JBS, avanzamos en la caracterización de la crisis del gobierno Temer en la Nota del secretariado nacional del MES fechada de 18 de mayo de 2017. Allí definimos que la nueva etapa de la Operación Lava Jato golpeó letalmente Temer, colocándolo contra las cuerdas. Analizamos también que la burguesía intentaría encontrar una salida antidemocrática para la crisis, resaltando la importancia de tomar las calles y de la marcha a Brasilia en el día 24.
A partir de esta nueva coyuntura, la caída del presidente Temer es inminente y su gobierno está en estado terminal. El decreto colocando las Fuerzas Armadas en la patrulla de calle en Brasilia, revocado en menos de 24 horas, fue otra demostración completa de la desorganización y debilidad del gobierno, que no fue capaz ni siquiera de prevenir y prepararse para la marcha en Brasilia.
La operación Lava Jato permitió este nuevo salto en la crisis política del régimen de la nueva república agonizando. El desdoblamiento de la situación puede ser en el día 6 de junio, cuando el Tribunal Superior Electoral comienza a juzgar la lista Dilma/Temer y puede optar por la revocación de Temer. Pero el cuadro aún no está cerrado, por más que la caída del gobierno es muy difícil de ser revertida.
Como previmos, existen intentos de acuerdos siendo realizados entre el PSDB, PT y PMDB, con apoyo de la Red Globo de TV, para substituir Temer por la vía de elecciones indirectas hechas por el congreso, y abrir camino para la retomada de las reformas neoliberales. No es un acuerdo fácil por varias razones: encontrar un nombre que unifique los sectores o como mínimo permita un cierto conforto entre los actores, pero sobretodo porque buena parte de ellos son investigados por la Lava Jato, que no está en la negociación. Incluso Nelson Jobim, la salida más confortable para PMDB, PSDB y PT, es socio de un banco investigado.
Pero el intento de acuerdo parte de una constatación: la continuidad de Temer significa la parálisis total de las reformas neoliberales y sobretodo incrementará mucha las luchas sociales y políticas. Tal incremento puede representar un nuevo salto en el movimiento de masas y colocar en pauta las posibilidades reales de un nuevo junio, solo que esta vez más violento. Este sector burgués sabe que puede abrirse una situación pre revolucionaria en el país o incluso revolucionaria, ya que en los tiempos acelerados de la política actual, la transición de un periodo para otro también lo es.
Es posible definir que ya tenemos en la coyuntura casi todos los elementos de una situación pre revolucionaria en el país: crisis económica, elementos de división importante en la clase dominante y descontentamiento del movimiento de masas. Más allá de que sea un hecho que las amplias masas aún no están decididas a luchar y que la división de la clase dominante aún no es profunda, estos elementos pueden dar el salto de calidad. Esto es lo que el partido de la Globo quiere evitar.
Mientras tanto, el núcleo duro de Temer aún resiste. Además del gobierno, sus vidas están en juego, pues algunos de ellos pueden salir del Palacio del Planalto directo para la cárcel. Por eso disputan una parte de los que están intentando negociar el acuerdo. En particular intentan desplazar al PSDB y a Gilmar Mendes para su lado más firme. Prometen la continuidad de las reformas y, sobretodo, el combate decisivo a la Lava Jato. Prometen pero se sabe que difícilmente pueden entregar; por eso sus promesas suenan más como desespero y no logran atraer el apoyo para la continuidad del gobierno. El intento más probable del acuerdo es algún tipo de garantía a Temer, Padilha y Moreira Franco de que no serán presos.
Todos saben que para que Temer continúe tendrán que enfrentar más el movimiento de masas. Ocurre que en este enfrentamiento tendrán que aumentar mucho la represión. Corren el riesgo de caer en las manos de la extrema derecha. Pero este no sería el problema más grande. El problema es que el movimiento de masas en Brasil, más allá de que políticamente confuso, no fue derrotado estructuralmente. Al contrario, viene de un potente junio de 2013.
Más allá de que em 2015 y 2016 la derecha haya ganado las calles y dado el tono a la política, las masas que la siguieron no eran todas de derecha, siendo una buena parte movida por la lucha contra la corrupción y en defensa de la Lava Jato. Y la opción de que Temer continúe tendría que ser no solo abiertamente de choque frontal con el movimiento de masas sino que también contra la Lava Jato. No podría hacer el discurso de la ley y el orden para reprimir la extrema izquierda y al mismo tiempo ser el propio presidente un fuera de ley. Podría reunir contra él una parte importante de la clase media que hasta ahora no ha entrado.
Y no perdamos de vista que las calles nuevamente fueron resignificadas desde el 8 de marzo, pasando por el 15 de marzo y después el 28 de abril, con el fuerte paro general. Y claro el día 24 de mayo, donde el movimiento respondió bien, con las fuerzas trotskistas, a pesar de minoritarias, dando la dinámica de una protesta llamada por todos los sindicatos de Brasil.
Por eso Temer está apenas intentando ganar tiempo, no para llegar hasta 2018, sino para tener una salida honorable. Pero eso no es fácil y mientras no haya salida permanece el impase y la posibilidad de radicalización de la situación. La Red Globo lidera la línea de deposición porque tiene consciencia de eso y sabe que las reformas no saldrán y que las indirectas serán cada vez más cuestionadas cuanto más tiempo Temer se mantenga.
Si prevalecer los intereses generales de la clase dominante, cuya mejor lectura es realizada por la Globo, una solución rápida es el mejor camino. La opinión de las masas de que las elecciones directas deben ser el mecanismo de sustitución de Temer, no se traduce, por ahora, en una voluntad de movilizarse. La falta de opción es decisiva para esta voluntad reducida de una movilización de masas. Pero el temor burgués también es que esta voluntad gane fuerza. Y nuestra apuesta es que contra las salidas burguesas dominantes, las propias elecciones directas se impongan, lo que sería una conquista democrática.
Nuestra política es por el Fuera Temer, porque su caída es una necesidad nacional. Fortalece en el pueblo la idea de que grandes cambios pueden ocurrir. Es también un nuevo triunfo de la operación Lava Jato. Defendemos también que el Fuera Temer debe significar también el fin de las reformas neoliberales. Para tanto defendemos un nuevo paro general. Y denunciamos los pactos que quieren liquidar la Lava Jato, construir las condiciones de aplicación de las reformas y que sustituyan Temer por un candidato electo indirectamente por un congreso corrupto. Exigimos el voto popular. El voto para presidente. Y también una nueva elección para renovación total del congreso. Creemos que tal conquista fortalece el movimiento de masas, cuya estrategia debe ser luchar para construir sus propias instituciones capaces de controlar la economía y la política.
Es fundamental, por lo tanto, seguir construyendo movilizaciones unitarias como fue el día 24 en Brasilia y el paro general, ser la vanguardia de la lucha, como fuimos en Brasilia, y al mismo tiempo disputar la dirección de estas movilizaciones, pues hay un claro vacío delante de la crisis de las viejas direcciones. Momentos de crisis como este son el terreno más fértil para el crecimiento de una organización revolucionaria, son momentos en los que los grandes saltos políticos acontecen, por eso no podemos desperdiciar la oportunidad.
[ENGLISH]
MES NATIONAL SECRETARIAT STATEMENT – 05/25/2017